E nessa imensa vulnerabilidade do amar
Somos os homicidas e os vitimados
Somos quem determina o quanto amamos
E o quanto ainda se deve tentar
E nessa imersa vontade do tentar
Surgem os medos e as angustias a tomar rédeas
Nos fazendo, inexoravelmente, penar
É quando criamos barreiras, murros e regras
É quando tudo em que acreditamos
Tudo em que nós depositamos
Se esvai no vento
Nesta hora em que vagamos
Em que vemos o quão tolo fomos
Sofremos pela perda do tempo
Marccio Santos Poetastro
Bonita, vamos sair pra ver a lua
Mas isso só se o dia estiver bonito
Pois eu quero me perder por tua rua
E me achar na beleza de teu infinito
Eu quero estar no teu olhar pequeno
Ser aquela lágrima que não caiu, que não brotou
Talvez por defesa, talvez por engano
Ou por falta de tempo... ou falta de Amor
Vamos sair e ver e sentir o quão bonita é a vida
O quão belo se é e se pode ser
O quão de quantos "quãis" você querer
Vamos ser bobos pra não perder a rima
Um dia sem pressa de se viver
Onde iremos esculpir nosso amanhecer
Onde excessivamente grave é vida
E assim, sem medo, sem cautela, sem dever
Escreveremos no chão de nosso ser:
Um Bonito, uma Bonita
Marccio Santos Poetastro
Força sempre é forçar sempre
Força forçada é uma faca afiada
Que te condena e te navalha
Deixando em tuas costas a punhalada
Força sempre é uma fossa a frente
Fossa grossa que fede e enoja
Que enche e empossa
Que nos enjoa e nos sufoca
Força sempre é desejo demente
É pedido sofrido e clemente
É o desespero mais profundo
Força sempre é a vontade latente
Que dissipa na lágrima poente
Do mais valente sentimento oriundo
Marccio Santos Poetastro
Linda, linda, linda
Linda de meus olhos congelarem tua imagem
E projeta-la em minha mente, em meus sonhos
Afim que a beleza me afete e me tontei
A ponto de não se querer mais estar lúcido
Linda por tudo que se é e que se faz
Pois em toda obra, em todo gesto
Se respira e se transpira essa beleza serena
Que inspira e destrói;
Que é única, que é rara e exclusiva
Linda de obter brilho sem luz
Pois luz não se faz necessário
Quando num único sorriso habitam
tantos luares e tantos sóis
Linda nos olhos, nos traquejos, nos gracejos
Nas atitudes, pensamentos, sentimentos
Linda de causar devaneios sem fim
De se desesperar na hipótese de saudades
É por tamanha beleza que nasço diariamente
Vivo na esperança de captura-la e eterniza-la em meu peito
Nem que seja por breves séculos
Nem que seja apenas pra perfumar minha alma e me fazer poeta
Marccio Santos Poetastro
Oh! Linda menina
Desprovida de maquiagem e enfeites
Daqui das sobras
Não se sabe se és mais menina ou mulher
Oh! Linda mulher
Cresceste e já maltratas coração
Daqui das sombras
Não se sabe se és mais mulher ou menina
Oh! Menina-mulher
Guardas tua inocência para o amor
Não se rendas a um qualquer:
Proteja-se da dor!
Oh! Mulher-menina
Que sempre continue em evolução
Aumenta tua beleza genuína
E espalhe nos olhares a ilusão
Marccio Santos Poetastro
Nesse meu momento de penumbra
Anseio por um passado doce
A felicidade vivia comigo
Como se parte de mim fosse
Minha feição aos sorrisos
Minh’alma sempre a levitar
Ocultavam meus olhos sofridos
Por meu peito a palpitar
O céu era azul
Belo o infinito
Uma voz apaixonada
O azul cinza ficou
O coração sombrio
O amor-mortalha
Marccio Santos Poetastro
Um dia eu quis amar uma mulher
E me entreguei e assim foi
Tantos sonhos, aventuras, desejos
Tudo muito pleno e muito breve
Depois de um tempo me arrisquei a amar novamente
E foi absurdamente instantâneo o querer
Mais sonhos, mais aventuras, mais desejos
Tudo muito pleno e mais breve ainda
Então me recolhi e decidir não amar mais ninguém
Mas eis que surge outra mulher
E pouco a pouco fui amando-a
Mas sem sonhos, nem aventuras e nem desejos
Dessa vez tudo foi muito mais pleno e sem pressa alguma
Fui amando-a apenas com amor e carinho
Daqueles raros, daqueles sinceros
Daqueles que não precisam de sonhos, aventuras e nem desejos
E desde então ela é minha irmã, minha mãe e minha filha
É a pessoa que mais me enxergou por dentro e menos se assustou
É a flor regada de lágrimas que surgiu do deserto do meu eu
É amor, onde sou amado e ela Amanda
Marccio Santos Poetastro