quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Mode [off]


Nesse ano que se inicia use e abuse do mode [off].
Desligue-se de barreiras, métricas, rotas e planos.
Haja, seja, faça, realize.
Sem meditar nem medir as conseqüências.
Dê mode [off] pro orgulho, pro medo, pras incertezas.
E principalmente pra tristeza.
Desligue-a e esqueça onde se liga.

Dê mode [off] pra tudo que não lhe convém, pra que espinhos?
E você pode! Você deve!
As emoções inibem a autocritica, mas pra que autocritica quando o que se quer é ser feliz?
Viva, ame, sofra e faça tudo outra vez e quantas vezes forem necessárias.
Nossas únicas certezas são o nascimento e a morte, então aproveite o intervalo.

Dando mode [off] pras frustrações você terá resultados melhores e maiores.
Surpreenda-se! Seja o que você não foi no ano passado. E aconteça!
Porque há coisas na vida das quais temos controle hoje e não teremos mais futuramente.
Por tanto desligue-se de tudo em quanto é tempo e enquanto há tempo.
Dê mode [off].

Marccio Santos Poetastro

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Amigos


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivesse morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morresse todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro embora não declare e não os procure. E às vezes quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerce do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim. Compartilhando daquele prazer... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Se tu soubesses em um breve momento
Se tu tivesses noção de todo contento
Se escutasses o que profanei ao vento
Se sentisses minha raiva do tempo
Se quisesses retomar o lamento
Se viestes acabar com todo tormento
Se te livrastes desse atordoamento
Talvez vivêssemos esse sentimento
Ou talvez afundaríamos no esquecimento

Marccio Santos Poetastro

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A uma saudade


Às vezes gosto de me sentar na escuridão do meu eu e lembrar e relembrar do meu passado.
Os olhos fechados, o silêncio instaurado e a mente solta.

A boca ganha um sorriso fácil e amoroso.
Momentos, situações, sentimentos.
A pulsação aumenta brevemente, os pés ensaiam uma pequena tremulada.
Tudo é um turbilhão saudoso.
Por uma fração de segundos a idéia da viagem no tempo parece ser real.
Mas passa.
Tudo passou.
Então a consciência temporal domina.
É quando a boca muda novamente de postura e as sobrancelhas tornam a enrijecer.
É hora do presente.

Marccio Santos Poetastro