sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A palavra



A palavra bela
A palavra dita pra revelar o sentimento
A palavra que enaltece a alma e enobrece o ser
Que coroa o que a fala e o que a ouve
A palavra por trás da ação
A ação contida na palavra
O verbo conjugado no infinito
Um verbo que não precisa ser conjugado

A palavra muda
A palavra não dita que descobre o espírito
Faz estremecer e estremece por si só
A ausência da fala
O verbo que se conjuga mudo
Que se cala por trás da ação
Que se oculta no sentimento corrente

A palavra certa
A palavra errada
A construção do universo e a queda do império
A palavra vaga, a palavra solta

A palavra que castiga e consola
Que alimenta e desnutri
Que se faz verbo pra ser conjugado
Que se faz maldição ao ser dita
A palavra única:
A palavra amor

Marccio Santos Poetastro

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Kopenhagen



Eis meu coração
E te entrego para que zeles e para que faça tua morada
Para que una ao seu e para que se torne um
E que seja sólido e enfrente os medos
E que seja pleno, afagador e terno
E que sendo seu, seja nosso e seja todo de Amor
Pois é por isso que te entrego
Pois é por isso que me entrego

Marccio Santos Poetastro

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Vestida


Vestida de mulher
Com seus brincos, maquiagem e olhares
Boca impecável de ser o que se é
Sorriso sólido que ocultava suas maldades

Maldades essas que todos conduzem em seus cotidianos
Mas como tolo, não fui armado
Indefeso como uma criança de oito anos
Me senti e fiquei só, com um pleno sorriso amargo

Antes fosse ela só vestida de menina
Com suas nuances e faces que fazem sonhar
Que despertam ilusão

Antes eu não fosse poeta e com essa sina
Que me faz, cada vez mais, penar e penar
Castigando o coração


Marccio Santos Poetastro

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Poetas


Ai almas dos poetas
Não as entende ninguém,
São almas de violeta
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma para sentir
A dos poetas também!

Florbela Espanca