sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Amando-a


Um dia eu quis amar uma mulher
E me entreguei e assim foi
Tantos sonhos, aventuras, desejos
Tudo muito pleno e muito breve

Depois de um tempo me arrisquei a amar novamente
E foi absurdamente instantâneo o querer
Mais sonhos, mais aventuras, mais desejos
Tudo muito pleno e mais breve ainda

Então me recolhi e decidir não amar mais ninguém
Mas eis que surge outra mulher
E pouco a pouco fui amando-a
Mas sem sonhos, nem aventuras e nem desejos

Dessa vez tudo foi muito mais pleno e sem pressa alguma
Fui amando-a apenas com amor e carinho
Daqueles raros, daqueles sinceros
Daqueles que não precisam de sonhos, aventuras e nem desejos

E desde então ela é minha irmã, minha mãe e minha filha
É a pessoa que mais me enxergou por dentro e menos se assustou
É a flor regada de lágrimas que surgiu do deserto do meu eu
É amor, onde sou amado e ela Amanda

Marccio Santos Poetastro

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Lascívia latente


O beijo não dado, o beijo negado, é ser invertebrado
Seca o copo, a boca e a alma
É a desilusão mais sem calma e menos sonora
É a boca quebrada e desejo rachado

Mas o desejo rachado não deixa de ter sua existência
Ele sossega ou aflita na calmaria da vontade e do não se ter
Porém com rédeas, com freios que antes inexistiam
E que agora dominam, tentam dominar esse ímpeto do se querer

O pulsar automaticamente é diminuído
Numa freqüência onde apenas lateja a saudade
Tudo aquilo que se quis agora sopram em brisas leves
Que refrescam, mas que nunca mais se tornarão tempestades

Marccio Santos Poetastro

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Quando o carnaval chegar


Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar

Chico Buarque