Um dia eu quis amar uma mulher
E me entreguei e assim foi
Tantos sonhos, aventuras, desejos
Tudo muito pleno e muito breve
Depois de um tempo me arrisquei a amar novamente
E foi absurdamente instantâneo o querer
Mais sonhos, mais aventuras, mais desejos
Tudo muito pleno e mais breve ainda
Então me recolhi e decidir não amar mais ninguém
Mas eis que surge outra mulher
E pouco a pouco fui amando-a
Mas sem sonhos, nem aventuras e nem desejos
Dessa vez tudo foi muito mais pleno e sem pressa alguma
Fui amando-a apenas com amor e carinho
Daqueles raros, daqueles sinceros
Daqueles que não precisam de sonhos, aventuras e nem desejos
E desde então ela é minha irmã, minha mãe e minha filha
É a pessoa que mais me enxergou por dentro e menos se assustou
É a flor regada de lágrimas que surgiu do deserto do meu eu
É amor, onde sou amado e ela Amanda
Marccio Santos Poetastro
O beijo não dado, o beijo negado, é ser invertebrado
Seca o copo, a boca e a alma
É a desilusão mais sem calma e menos sonora
É a boca quebrada e desejo rachado
Mas o desejo rachado não deixa de ter sua existência
Ele sossega ou aflita na calmaria da vontade e do não se ter
Porém com rédeas, com freios que antes inexistiam
E que agora dominam, tentam dominar esse ímpeto do se querer
O pulsar automaticamente é diminuído
Numa freqüência onde apenas lateja a saudade
Tudo aquilo que se quis agora sopram em brisas leves
Que refrescam, mas que nunca mais se tornarão tempestades
Marccio Santos Poetastro
Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
Chico Buarque