E essa chama que nasce do nada
Que desponta no coração por força do desejo
Esse querer que surge e ressurge a cada amanhecer
E se fortalece mais ainda ao cair da noite
Essa angustia pela poesia não vivida
Pelo abraço ainda verde
Pelo beijo ainda não selado
E pelo amor que se engatinha
Esse medo devorador de estar só
De se perder o que nunca se teve
Como se fora um engano do destino
Ou zombaria da predestinação
Essa torturante saudade amargando na boca
Somado a essa sequidão de saliva
Esse engolido seco e vazio
Por esse temor do não ter volta
Essa poesia que nasceu pra morrer
Que acredita que o amor reinará
Que deseja perdão e sentimento
E que nunca deveria ter sido escrita...
Marccio Santos Poetastro
Uma grande flor
Dar ares de como tu és
Com o canteiro a teus pés
Não divisas o amor
Reservas teu pólen para insetos
De destinos incertos
Quando tão perto
Há um beija-flor
A essência que procuras
Não assiste em insetos
Eles não têm a tua ternura
Perceba o amor
Que paira no ar
Um beija-flor
Romero Maia
Ah, se as exceções fossem as regras
Se os medos fossem as certezas
Viveríamos tão plenos e tão certos
Que os erros nem seriam
Se a queda fosse macia
Tendo como acolchoado o aprendizado
O passo a frente seria mais firme
Assim como seria firme o olhar além da fronteira
Se estivéssemos sempre atentos
A desatenção seria apenas uma nuvem
Que surge e que se vai sem chover
E que não estraga um dia de sol
Talvez seja tola essa utopia, talvez vã
Mas pra ser real basta que se sonhe
Que se queira, que se dê e que se seja
Basta apenas que o coração se apaixone
Marccio Santos Poetastro