Eis que surge essa maçante economia de gestos
Frases não ditas, palavras filtradas, silêncio a gritar
Barreiras erguidas com a imensidão de grandes fronteiras
E com a rapidez de pensamentos ao se acordar
As idéias não se organizam, formando um enorme carretel emaranhado
Talvez por terem sido formadas em torpor
Ou por capricho da grande duvida que paira no ar
Com a graça de um abutre, mas com a leveza de um beija-flor
De certo é que se sente capaz de parar um trem com uma mão
Apenas para se ver brotar um sorriso largo e doce
E então os olhos brilham e tremulam marejados
Como se rosa regada de orvalho fosse
E já não importa o que foi certo, errado, inesperado
Tampouco o que não tem definição, nem se define e nem se quer definir
Agora é juntar os cacos da esfera, fazer a mala
Juntar roupa, fazer a trouxa, andar, sonhar e partir
Marccio Santos Poetastro
Há o tempo e o contratempo
A felicidade e a dor
Eu por mim não tenho tempo
O meu tempo é só de amor
Sei que existe muita gente
Que não tem mais tempo a perder
Já comigo é diferente
Só o amor me faz viver
Eu não sei viver
Sem sofrer por alguém
Hoje, por exemplo
Eu não tenho ninguém
E é por isso que estou triste
Triste como esta canção
Hoje eu sei que o tempo existe
Hoje é tudo solidão
Vinícius de Moraes
Volta
Vem buscar tua boca
Vem buscar teus braços e teus cachos
Volta
Devolve meus sonhos
Devolve minhas poesias,
minhas emoções e minhas fantasias
Volta tempo
Devolve minhas lágrimas
Devolva-o a escuridão
Devolve meus lábios
e devolve, se ainda existir, meu coração
Vai
Vai embora
Sai da minha mente, do meu pensar
Vai, me deixa
Me deixa dormir
Me deixa sonhar
Me deixa, vai
Vem tempo
Me traz - pra acabar com essa dor - o esquecimento
Vai tempo
E leva essa dor pra bem longe, leve-a ligeiro, leve-a com o vento
Mas pra que idas e vindas
se a verdade não engana
o que meu nome ainda estampa:
Juliana
Juli ama
Ju lhe ama
Marccio Santos Poetastro